Antologia de textos com cães dentro.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

CÃO DE MORTO

Contarei as sílabas, depois os versos
Até catorze, a ninguém direi que morreu;
Serei parco em imagens, procurarei
A intensidade da canção primitiva.
A ninguém direi que dentro de mim morreu;
Fingirei que existe ainda algo
Belo por escrever. Inventarei frases
Com a memória dos que sentem ainda.
Um pouco de interesse me resta, vida
Também, ainda que não a solicite muito;
Quase não leio e já suporto só
Alguns romancistas americanos.
Contarei sílabas, acentos, histórias,
Mas a ninguém revelarei o meu embuste.

José Ángel Cilleruelo
Trad. Joaquim Manuel Magalhães
Trípticos Espanhóis 2.º
2000

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