APAZIGUAR, v. Chamar «cãozinho» a um buldogue quando este se encontra firmemente agarrado à nossa retaguarda.
CÃO, n. Uma espécie de Divindade subsidiária ou adicional, concebida para receber os excedentes da adoração mundial. Este Ser Divino, nalgumas das suas encarnações mais pequenas e macias, ocupa no coração da Mulher o lugar ao qual nenhum macho humano pode aspirar.
CÉRBERO, n. O cão de guarda do Hades, que tinha por dever proteger a sua entrada – não se percebendo claramente contra quê ou quem a guardava ele, pois toda a gente, mais cedo ou mais tarde, tinha de passar por ela, e também ninguém tinha vontade de forçar a entrada.
EFEITO, n. O segundo de dois fenómenos que ocorrem sempre juntos e na mesma ordem. Do primeiro, ao qual se chama Causa, diz-se que gera o segundo – o que é tão sensato como dizer-se que, por se ter visto um cão a perseguir um coelho, o coelho é a causa do cão.
MEDICAMENTO, n. Uma pedra atirada para o Cais do Sodré com o objectivo de matar um cão no Rossio.
RAFEIRO, n. O grau mais baixo na hierarquia dos cães.
REDUNDANTE, adj. Supérfluo; desnecessário; de trop.
Diz o sultão: «Há evidência abundante
De que este cão infiel é redundante.»
Responde o Grão-Vizir, com pose altiva:
«A sua cabeça, pelo menos, parece excessiva.»
Habeeb Suleiman
REVERÊNCIA, n. A atitude espiritual do homem perante Deus e do cão perante o homem.
ZEUS, n. O chefe dos deuses gregos, adorado pelos Romanos como Júpiter e pelos americanos modernos como Deus, Ouro, Populaça e Cão. Alguns exploradores que atingiram a costa da América, assim como um que garante ter percorrido uma distância considerável até ao interior, pensaram que estes quatro nomes designavam quatro divindades distintas; mas na sua obra monumental sobre Crenças Sobreviventes, Frumpp insiste na ideia de que os nativos são monoteístas, não tendo cada um deles qualquer outro deus que não ele próprio, o qual adora sob inúmeros nomes sagrados.
Ambrose Bierce
Dicionário do Diabo
Tradução de Rui Lopes
Tinta da China, 2006
CÃO, n. Uma espécie de Divindade subsidiária ou adicional, concebida para receber os excedentes da adoração mundial. Este Ser Divino, nalgumas das suas encarnações mais pequenas e macias, ocupa no coração da Mulher o lugar ao qual nenhum macho humano pode aspirar.
CÉRBERO, n. O cão de guarda do Hades, que tinha por dever proteger a sua entrada – não se percebendo claramente contra quê ou quem a guardava ele, pois toda a gente, mais cedo ou mais tarde, tinha de passar por ela, e também ninguém tinha vontade de forçar a entrada.
EFEITO, n. O segundo de dois fenómenos que ocorrem sempre juntos e na mesma ordem. Do primeiro, ao qual se chama Causa, diz-se que gera o segundo – o que é tão sensato como dizer-se que, por se ter visto um cão a perseguir um coelho, o coelho é a causa do cão.
MEDICAMENTO, n. Uma pedra atirada para o Cais do Sodré com o objectivo de matar um cão no Rossio.
RAFEIRO, n. O grau mais baixo na hierarquia dos cães.
REDUNDANTE, adj. Supérfluo; desnecessário; de trop.
Diz o sultão: «Há evidência abundante
De que este cão infiel é redundante.»
Responde o Grão-Vizir, com pose altiva:
«A sua cabeça, pelo menos, parece excessiva.»
Habeeb Suleiman
REVERÊNCIA, n. A atitude espiritual do homem perante Deus e do cão perante o homem.
ZEUS, n. O chefe dos deuses gregos, adorado pelos Romanos como Júpiter e pelos americanos modernos como Deus, Ouro, Populaça e Cão. Alguns exploradores que atingiram a costa da América, assim como um que garante ter percorrido uma distância considerável até ao interior, pensaram que estes quatro nomes designavam quatro divindades distintas; mas na sua obra monumental sobre Crenças Sobreviventes, Frumpp insiste na ideia de que os nativos são monoteístas, não tendo cada um deles qualquer outro deus que não ele próprio, o qual adora sob inúmeros nomes sagrados.
Ambrose Bierce
Dicionário do Diabo
Tradução de Rui Lopes
Tinta da China, 2006
Oferecido por Rui Almeida.