Antologia de textos com cães dentro.

domingo, 17 de janeiro de 2021

DISFORME

Nobre rafeiro que me acompanhas
quando me deito também sou de quatro patas
a mexer com tal velocidade que o meu lombo
separa-se ondulando para fora 
como um tapete voador.
De regresso ouço embevecida
o compasso ternário do barulho 
que fazes a absorver água.
Uma valsa incompleta
embalando o biscoito de coelho
que retiro tão feliz do forno.
Olhas para mim
perscruto o reverso 
da minha paisagem 
submersa em dívidas
e então percebo logo
porque é que a vida
ainda corre de feição.

 

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