XXII
quando for grande
Quero ser cão
ladrar às camionetas
que ao passar
fazem estremecer
sem aviso
a pele de vidro que visto
a minha rua
Não tem fim
Esta fome que trago nos ossos
também não
Mas se fim houvesse
certo estaria do sal
a gretar-me a boca
confundir o mar com o tempo
quando não se sabe nadar
É névoa que anuncia a tragédia
João Pedro Azul, in Um Cavalo Sentado à Porta, Edição do autor, Outubro de 2020, p. 43.