Antologia de textos com cães dentro.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

AS CRIANÇAS FALAM (excertos)


“O cão foi a casa da mãe. Depois encontrou um lobo. Depois o lobo foi atrás da mãe. E depois o urso foi atrás do lobo. E depois o lobo foi para casa da mãe morder. Depois o lobo foi atrás do cão. E depois o cão mordeu a mãe. E o cão foi para casa.”
Acabou?
“Não, ainda falta muito.
E depois o cão foi para a piscina e depois o cão da piscina tinha o rabo molhado. Depois o cão disse à mãe para ir aos anos. Depois o cão foi atrás da mãe depois o cão mordeu a mãe. Depois o Dadá foi à minha casa. E foi ao Jardim Zoológico comigo.

Ainda não acabou...

Depois o cão estava à noite e chegou fora da varanda. Depois o cão foi atrás da mãe. E depois o cão tirou a carteira à mãe.”

Intervém o Carlinhos (6a. 4m.):

“A mãe é cão? Uma mãe que não é cão? Então é a dona. A Joana está a complicar as coisas.”

Continua a Joana (3a. 11m.):

“E depois a mãe deu uma carta ao cão. Depois o cão deu uma carta à mãe. Já acabou.”

– // –

“Quero dizer uma história!

Era uma vez um gato maltês. E era uma vez um cão maltês. E o cão maltês casou com o gato maltês. E depois apareceu um boi. E depois o boi rosnou. E depois o cão maltês e o gato maltês acharam que era muito barulho. E depois foram à janela ver e viram que era um boi e mandaram o boi embora.”

Miguel, 5a. 10m.

– // –

Pintando o Pimpão:

Guidinha, 5a. 2m. (comenta, sobre pintura do Filipe):
– “Um cão com quatro patas!”

Filipe, 6a. 1m. (imediato):
– “Ah! Então como é que tu querias? Um cão tem quatro pernas.”

depois, a rir, diz:
– “Se tivesse só duas era uma galinha.”

A Guidinha imita o andar de um cão, sem apoiar os braços no chão.
O Filipe tem a mesma atitude que nas frases e imita com braços e pernas no chão.

– // –

“Quer ouvir a cantiga do caracol?

O cão vai partir o caracol
mas ele não é capaz.
O cão vai pedir à menina
que parta o caracol
e a menina diz assim:
vou partir o caracol.
E depois já partiu
e o caracol vai para casa.”

Julieta, 3a. 4m.

– // –

C. – “Eu também “
F. – “Eu também quero dizer uma história.”
C. – “Uma vez era um menino...”
F. – “Eu também, sim?”
C. – “ Uma vez era um menino que estava em cima do telhado de uma casa e ele queria saltar de lá. Depois deu um salto para cima de um cavalo. Depois o homem disse: Ó menino olhe que o cavalo não é seu, é meu. E depois a mãe ia à compras e viu o filho em cima do cavalo e foi com ele às compras. E depois ele queria ir à escola e a mãe levou à escola. E depois a mãe levou para a escola e o menino fez pintura, foi almoçar e começou a brincar com os talheres. E depois tiraram os talheres. Depois puseram outra vez e ele comeu. Depois telefonou para a mãe e a mãe veio cá buscar e o menino foi para casa. Depois tinha um cão grande e o cão estava na casota lá fora e os patinhos estavam dentro de casa. Amanhã conto mais. Amanhã acabo.”

Carlinhos, 5a. 8m.
Francisco, 4a. 1m.

– // –

“Era uma vez um cão que quando as pessoas corriam atrás dele, o béu-béu corria atrás das pessoas.”

Pilar, 7a. 10m.
História manuscrita

Adriana Areal Calvet e Elsa Anahory (recolha e selecção)
Fernando Ribeiro de Mello / Edições Afrodite, 1973


Oferecido por Rui Almeida.

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