Antologia de textos com cães dentro.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

HISTÓRIAS DE CÃES 4

Regresso aos velhos lugares. Quantas vezes
já repeti este verso? Persiste a decomposição
das casas. A resistência das pedras é menor
que a dureza dos olhos. Um cão vadio agasalha-se
dentro da noite. Treme. Dorme à superfície
do frio. Abre uma fissura nos olhos para me
recolher em sua intimidade, num instinto
fraternal de matilha. Entre um cão e um homem
há toda uma comunidade de gestos, troca-se
um mínimo necessário de calor para que o
frio permaneça suportável.

A noite é um lugar fértil, necessário a um cão
ou a um homem. Mesmo em tempos de crise,
haverá sempre restos que sobram.
De comida ou de amor.

Fernando de Castro Branco
Plantas Hidropónicas

Oferecido por Alberto Silva.

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