Antologia de textos com cães dentro.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

SONETOS PARA OS AMIGOS MORTOS

III

Morreste como um cão foste abatido
Um dia frente aos olhos da tv
Que a polícia se fez co’o teu destino
Por um premeditado sei lá quê

Como um cão como um rato como um chino
Como um preto um judeu ganhão maltês
«Dispara dá-lhe cabo do cortiço»
Dizia a viril morte que te fez

Morrer completamente em todo o chão
Fez a morte de novo obra acabada
Matou duma só vez todo o teu não

E mais que tudo não te deixou nada
Pra levares contigo no caixão
Teu último pendão e barricada

Manuel Resende
O mundo clamoroso, ainda
Angelus Novus
2004

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