Antologia de textos com cães dentro.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Somos o bafo dois cães
olhas o espelho
e eu transpiro a ciência
de Camões a masturbar
as mágoas.

Mais um verso atravessaste tu
gato barbieri ao longe
ali nada perdido
nos labirintos com o Minotauro.

Eu digo amor como digo
broca
e os anciãos de cu e boca
batem-me à porta
querem explodir na noite.

Nesta areia precária
morrem crianças
em histórias movediças
tu consegues a luz
nessa fenda inundada
por lembranças.

Nenhum dos dois consegue
erguer mais alto
o pão testicular
que se agarrou aos dedos.
Os cães aquecem
(recomeçar de novo?)
sobre a baba das rendas
resplandeces.

Armando Silva Carvalho
Eu Era de Areia
1977

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