Antologia de textos com cães dentro.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os Cães do Tempo

O tempo tem mastins que erguem as vozes
hostis contra o rodar da carruagem,
o passo acomodando à abordagem,
por igual insolentes e ferozes.

Cerra ouvidos, podendo, por que gozes
dos solavancos a breve vantagem,
que muito cedo verás a viagem
tolhida de fracturas, anciloses.

E à tenaz, intrépida matilha
podes, querendo (ingénua armadilha),
lançar acaso um osso do farnel.

Deter-se-ão talvez; mas o antigo
olfacto lhes dirá que o inimigo
segue a bordo – e retomam o tropel.

A.M. Pires Cabral, Os Cavalos da Noite, 1982.

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