Antologia de textos com cães dentro.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O sol, como uma víbora
de fogo pelo ar
enrosca-se nas pedras,
sobre a casa, as vides, os caminhos,
e a terra morde-o
com os seus dentes cariados
como um cão raivoso.
E cega a saliva,
e exacerba as mortes,
e rouba suor terno
do corpo das crianças.
E cinge
com uma fita louca a metade
dos dias, o seu líquido
extermínio.
Sob a sombra
das figueiras passa
a brasa dos insectos. E até a água
toca o cio bestial das abelhas
e mosquitos gigantes
moribundos e loucos.
É verão e é julho, e na sua noite
por um poço desce a frescura da lua.
Por um poço de cigarras debilitadas,
afogada já a sua febre, devorada
a sua luxúria na sesta.

Juana Castro
Trad. Amadeu Baptista
Cadernos de Poesia Hífen N.º9

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