Antologia de textos com cães dentro.

sábado, 7 de junho de 2008

PÁGINAS


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Nisa é a última beleza do Alto Alentejo – é mesmo já nas encostas da despedida e de onde ainda se vê Marvão, mas onde se respira já um aroma penetrante a Beira Baixa. Fomos comprar barros de Nisa. Ah! Cães de Nisa! Grande frase – só em Nisa é que percebi bem a realidade da expressão. É que os cães de Nisa são os melhores perdigueiros do país. Para levantar perdizes e caçar no monte não há como uma cãozoada. Tantas vezes na vida tenho dito: Ah! Cães de Nisa – num grito aflitivo de implorar um superlativo absoluto. O meu constante desejo de superlativo fez-me gritar pelos cães de Nisa na praça mais pública da vila. Ao meu berro Ah! Cães de Nisa!, só apareceram meia dúzia de rafeiros sonolentos, o resto, de quatro costados e livro de linhagem, andava na arte de bem caçar a toda a gana – o que tinha ficado na praça pública era o resíduo das noites de insónia dos Senhores Cães de Nisa, nobre raça que fareja altiva o nosso país de norte a sul. Ah! Cães de Nisa!
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Ruben A.
Páginas (V)
1967
Oferecido por Rui Almeida.

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